Há quem acredite que os desafios da pessoa com diabetes se resumem a conseguir tomar as medicações corretamente. Contudo, as batalhas travadas vão muito além.
Lidar com o medo e com as incertezas no momento diagnóstico é somente o início.
A pessoa precisa aprender sobre a sua doença, sobre os medicamentos, ela precisa aceitar que sua rotina de vida será avaliada e repensada. Ela precisa estar disposta a mudar e entender que comer, agora, exige um grau maior de atenção e responsabilidade.
Ela tem que ter força para lidar com os olhares julgadores que vão querer dar palpite em sua vida, como se já não estivesse sendo cansativo o suficiente sem isso.
Por conta dessas dificuldades há quem acredite que receber um diagnóstico de Diabetes Mellitus do tipo 2 (DM2) é uma sentença imutável cujo trajeto leva a um triste fim.
Mas, e se eu te disser que essa jornada pode ser leve e tranquila? Provavelmente você diria – “Ah Drª Giulia, duvido”.
Então deixa eu te mostrar como toda essa negatividade que ronda o DM2 pode evaporar.
OS ALICERCES
Existem dois principais segredos que são a base dessa jornada, possibilitando que ela saia da tormenta e que vá ao encontro da leveza, segredos estes que denominei de “fortalecedores do ser”.
E quais seriam?
A construção de uma boa relação médico- paciente, e o protagonismo do paciente em relação a sua própria saúde.
Você deve estar se perguntando como isso é possível de ser criado, certo? Então deixa eu te contar.
RUMO AO MAR CALMO DA DM2
São necessários quatro passos para atingirmos, de forma sólida, os segredos fortalecedores do ser.
PRIMEIRO PASSO:
Começamos durante a consulta, com um bom diálogo e com a construção de um ambiente seguro e acolhedor de forma que o paciente se sinta à vontade para compartilhar sua vida, suas experiências, seus anseios, dúvidas e expectativas.
Sem essa conversa, seria impossível entender e traçar o melhor modo de auxiliar no processo da doença (ou em um processo de busca por uma vida mais saudável).
Esse momento permite que a relação médico paciente seja baseada em confiança, item essencial para qualquer momento ou setor da medicina.
Afinal, sem confiança, o paciente jamais irá se permitir contar a verdade, ele não irá acreditar nas orientações e explicações médicas e irá, somente, balançar a cabeça concordando com o que lhe é dito, aguardando ansiosamente pelo término da consulta.
Dar um diagnóstico importante como é o de DM2 sem uma boa relação é causar uma péssima experiencia e prejudicar a adesão ao tratamento.
Além disso, é nesse momento em que o paciente começa a entender que ele é essencial para sua melhora. É quando é possível mostrar a ele que é fundamental que ele seja o protagonista enquanto o médico, por sua vez, tem o papel de auxiliador durante essa caminhada.
Sendo o dono da sua própria saúde, ele não irá esperar passivamente pelo controle do seu DM2 e conseguirá realizar as ações necessárias para conquistar sua saúde e controle da doença.
Com um bom diálogo, fortalecemos nosso paciente.
O paciente com diabetes precisa ser ouvido.
SEGUNDO PASSO
É desmistificar as crenças acerca da doença, como a de que ele nunca mais poderá comer um docinho gostoso na sua vida ou de que ele irá, obrigatoriamente, perder a visão.
É o passo de acalmar o coração aflito.
TERCEIRO PASSO
É traçar mudanças de estilo de vida e metas que, de fato, são realizáveis. É também escolher a medicação de acordo com o que combina mais com o perfil daquela pessoa, aumentando, assim, as chances de adesão terapêutica.
E vamos virar a vida do recém portador de diabetes em cento e oitenta graus? Claro que não.
Você conseguiria mudar toda a sua vida da noite para o dia? Quem tem diabetes também não.
Devemos começar pelos objetivos mais fáceis de serem postos em prática. Por exemplo, se sair do sedentarismo é muito difícil agora, foquemos, então, na alimentação. Que tal começar trocando o refrigerante normal pelo zero e aumentar o consumo de verduras durante as refeições?
QUARTO PASSO
E o quarto e último passo é caminhar ao lado do paciente, próximos, dando suporte, apoio, orientação e sanando, sempre, cada dúvida por mais simples que ela seja.
E o paciente? Ele precisa estar aberto a mudanças, ao novo, a um recomeço. Ele precisa querer chegar ao mesmo final feliz.
Com esse percurso de fortalecimento do ser é possível conseguir chegar no objetivo final, que é um DM2 controlado, sem complicações e uma ótima qualidade de vida.
Ter diabetes não precisa ser o fim do mundo, uma catástrofe. Ter diabetes pode ser leve. E pode, inclusive, ser controlado e até mesmo revertido. O que você precisa é valorizar a si mesmo e ter ao seu lado um profissional que lhe passe confiança e conhecimento.
Meu nome é Giulia Cuoco Di Renzo, sou médica formada pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) – CRM-SP 190.847.
Curso, atualmente, pós-graduação pelo IBCMED (Brasil) em Endocrinologia e Metabologia e pós-graduação pela Universidade do Porto (Portugal) em Geriatria.
Eu trabalho há seis anos cuidando de pacientes com doenças crônicas, em especial, o diabetes mellitus do tipo 2, sendo, meu objetivo trazer leveza para a jornada de cada um dos meus pacientes e, assim, garantir um excelente controle de suas comorbidades e melhora na qualidade de vida.