A radiação ultravioleta da luz solar é crucial para a síntese de vitamina D na pele e em outros aspectos fisiológicos da vida humana. A radiação UV é capaz de penetrar profundamente na pele, sendo capaz de provocar diversas alterações. Os efeitos danosos da radiação (UV) dependem da duração, frequência, intensidade da radiação solar (baseada na latitude), bem como, da constituição genética e do fototipo, tendo efeito cumulativo.
Os principais efeitos agudos são a queimadura solar (eritema, alguns medicamentos são fototóxicos). Já os riscos a longo prazo pela exposição descontrolada e/ou repetida resulta no desenvolvimento de alterações como rugas, envelhecimento precoce da pele, presença de telangectasias (vasinhos), manchas grandes que parecem sardas (lentígo solar), catarata, alteração da resposta imune.
Cerca de 40 tipos de doenças são causadas ou agravadas pela exposição solar, algumas de componente genético como o xeroderma pigmentoso (caracterizado por uma acelerada degeneração crônica das áreas da pele expostas ao sol, albinismo), desordens metabólicas (porfirias), doenças induzidas por drogas fototóxicas ou fotoalergênicas, doenças fotoimunológicas, doenças degenerativas ou neoplásicas, assim como diversos outros processos como a urticária solar e o lúpus eritematoso discoide.
O câncer induzido pela exposição a radiação UV é classificado em câncer de pele não melanoma (carcinomas basocelulares e espinocelulares) e do tipo melanoma (melanoma cutâneo maligno).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de pele com maior incidência a nível mundial é do tipo não melanoma, com aproximadamente 2 a 3 milhões de novos casos por ano. No Brasil essa neoplasia representa 30% do total de casos de câncer registrado no país, mesmo sendo o de maior incidência é o de menor mortalidade quando tratado adequadamente.
Aproximadamente 75% dos casos de câncer de pele são do tipo basocelular, sendo comum em pessoas de meia-idade e idosos, ele ocorre em áreas que foram muitos expostas ao sol durante a vida, principalmente rosto e pescoço. Observa-se um aumento em pessoas jovens devido ao hábito de se expor por longos períodos. Apesar de ter um padrão de desenvolvimento lento necessita um acompanhamento permanente, cerca de 35 a 50% das pessoas que tiveram esse câncer de pele vão apresentar outro num prazo de até 5 anos após diagnosticado (AC Camargo Cancer Center).
O carcinoma espinocelular representa 20% do total de casos. As áreas mais comuns de surgimento são o rosto, orelhas, lábios, pescoço e dorso das mãos. Também podem surgir de feridas crônicas em qualquer parte do corpo e até nos órgãos genitais. Essa neoplasia possui maior risco de invasão do tecido gorduroso e atingir outros órgãos (AC Camargo Cancer Center).
O melanoma representa 3% dos casos de câncer de pele no Brasil, de comportamento agressivo, possui alto risco de espalhar para outras partes do corpo (metástase). O melanoma geralmente se apresenta como uma pinta ou sinal na pele em tons acastanhados ou enegrecidos que mudam de cor, formato ou tamanho com o decorrer do tempo, podendo causar sangramento. Existem vários tipos de melanoma. O mais comum é o cutâneo (da pele), que corresponde a 90% dos casos, mas existem também o melanoma uveal (do olho), o melanoma de mucosas (de genitais, da cavidade oral, anal e mucosa nasal) e outros ainda mais raros.
Pessoas de pele clara e que se queimam com facilidade quando se expõem ao sol, com fototipos I e II, têm mais risco de desenvolver a doença, que também pode manifestar-se em indivíduos negros ou de fototipos mais altos, ainda que mais raramente.
O diagnóstico do câncer de pele é realizado através da dermatoscopia e mapeamento corporal. A dermatoscopia consiste no uso de um aparelho denominado dematoscópio durante a consulta, ele irá auxiliar o diagnóstico e avaliar lesões suspeitas.
Alguns pacientes podem necessitar exames mais complexos (dermatoscopia associada a um programa que captura e armazena as imagens), possibilitando a avaliação médica da evolução das lesões. Esse mapeamento corporal total com a dermatoscopia digital é indicado para os pacientes com risco aumentado de desenvolvimento do melanoma.
Anualmente a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) organiza um mutirão nacional de atendimentos pelo “Dezembro Laranja”. Desde o dia 2 de dezembro 100 postos estão realizando atendimentos em todo o Brasil, com envolvimento de milhares de dermatologistas voluntários. No site da SBD você poderá consultar onde o atendimento está sendo realizado em seu estado acesse: https://www.sbd.org.br/dezembrolaranja/
A melhor forma de prevenir o câncer de pele é a utilização do filtro solar (no mínimo, fator 30), uso de chapéu e óculos escuros. O cuidado deve ser redobrado com as crianças, porque a exposição exagerada ao sol nos primeiros 20 anos de vida é decisiva para o aparecimento de câncer de pele na meia-idade. Pessoas de alto risco (pele e olhos claros) precisam usar filtro solar no dia a dia também, principalmente no rosto e nos braços, em passeios, caminhadas, ao fazer exercícios ou compras ao ar livre, inclusive em dias de mormaço ou nublados (AC Camargo Cancer Center).