Uma Jornada de Determinação e Superação – Edvania Toledo

Em 18 de janeiro de 1965, nascia a primeira filha de um casal pernambucano, pessoas muito carentes e de origem bem humilde. Após o nascimento do primeiro filho, vieram mais cinco. A cada criança que nascia, a situação ficava mais difícil. A filha mais velha cresceu tomando conta dos irmãos para ajudar sua mãe. Dos 4 aos 11 anos, morou com uma de suas irmãs na casa da avó materna para minimizar as despesas da família, que só cresciam. Aos 12, retornou para a casa dos pais e começou a trabalhar para ajudar com as contas. Com 16 anos, mesmo menor de idade, entrou na área da saúde como recepcionista de uma pequena clínica.

Aos 18 anos, foi pedida em casamento e aceitou imediatamente para escapar da fome e da miséria constantes. Do casamento, teve um filho, hoje com 35 anos. Após cinco anos, com um espírito empreendedor, desejava sempre mais, mas seus projetos eram bloqueados pelo seu companheiro, que era dotado do machismo peculiar da cultura nordestina na época. Enquanto casada, não havia fome, e pôde, durante esse período, ajudar sua família, mas, como sempre queria mais, aquilo não bastava. Com a ousadia que já nascera com ela, em 1990, pediu a separação. Não imaginava o quanto seria difícil voltar às suas origens, mas coragem e fé não lhe faltavam. Não sabia de onde tirava a força, mas conseguia. Imediatamente retomou seus estudos, que não haviam sido concluídos e com o conhecimento que havia obtido nas clínicas que trabalhou, foi cursar Administração. Seu sonho era ser administradora hospitalar.

Em 1998, estava na metade do curso e, devido a algumas intercorrências, resolveu que não poderia ter apenas um filho. Atrevida como sempre foi, resolveu ter um filho como produção independente. Não sabia ela a mudança radical que essa decisão teria em sua vida. Em 1999, teve seu segundo filho, e para a menina que nasceu sem nada, já se considerava realizada. Tinha dois filhos, uma carreira em vista, uma casa e já não passava mais fome.

Em 2005, após uma consulta pediátrica, sua vida mudou radicalmente. Seu filho mais novo, Carlos Gabriel, foi diagnosticado com um tumor na cabeça e, segundo a ciência, após três meses de tentativas e esgotamento de seus recursos financeiros, não havia mais possibilidade de tratamento, e seu filho estava com data certa para morrer. Não aceitando a possibilidade de não haver tratamento, buscou os contatos de oncologistas e hospitais de Recife e recebeu uma indicação de que talvez, no Instituto Nacional de Câncer – INCA, houvesse uma chance para o pequeno Gabriel. Com os recursos esgotados, contou com a ajuda de amigos, família e da comunidade médica de Recife para comprar as passagens para seguir rumo ao desconhecido.

Em 22 de julho de 2005 chegou ao Rio de Janeiro, vinda de Recife, com apenas uma mochila nas costas e um único foco: o tratamento do seu filho de 4 anos que lutava contra um câncer. De 2005 até 2007 lutou junto com Gabriel, enquanto estavam hospedados na Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro, uma casa de apoio a crianças com câncer.