Segundo a definição mais recente descrita pela International Association for the Study of Pain, a dor é “Uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante àquela associada a um dano tecidual atual ou potencial” (IASP – 2020).
Ser uma experiência “sensorial e emocional”, denota que a percepção de dor é um evento complexo que depende de “estímulos sensoriais” percebidos pelo organismo e “respostas emocionais” que variam de indivíduo para indivíduo e tornam a dor uma “sensação” totalmente individualizada e resultado de um longo e contínuo processo de aprendizado e respostas fisiológicas, emocionais e comportamentais que acontecem desde os primeiros momentos de vida até o fim da mesma.
Por mais que os avanços científicos no campo de estudos da dor monstrem que uma infinidade de fatores colaboram para um estado mais ou menos aflorado de “percepção de dor” por um indivíduo, ainda é muito comum encontrarmos abordagens terapêuticas focadas apenas no “estado atual do tecido” e buscando justificativas apenas físicas para o início ou continuidade de sintomas dolorosos.
De fato, na maioria das vezes muitos pacientes não conseguem compreender ou identificar com clareza a origem dos sintomas que inciam-se na ausência de um trauma local significativo ou um evento mais grave e, por “instinto”, acabam adotando comportamentos e tomadas de decisões que geram atrasos ou dificultam o processo natural de cura e reabilitação.
Um ponto que precisamos salientar é que para ter dor não é obrigatório haja uma lesão. A dor é uma resposta desagradável gerada pelo cérebro que depende de um estímulo sofrido em qualquer parte organismo e que, por incrível que pareça, não reflete o atual estado do tecido e nem traz a real dimensão de uma lesão.
De modo geral, muitos fatores colaboram para que esse sistema responsavél pela interpretação e resposta de dor trabalhe de forma “exagerada”. E esse é um dos principais focos de minhas abordagens durante um tratamento fisioterapêutico. A educação em dor.
Em meu consultório é muito comum encontrar pacientes com quadros desproporcionais de dor associados à comportamentos e hábitos ruins que naturalmente colaboram para a piora dos sintomas.
Pesquisas leigas pela internet, informações de má qualidade, excesso de informações, expectativas negativas sobre a recuperação, traumas emocionais, medo excessivo, evitação, ansiedade, baixa capacidade física e má qualidade de sono, são exemplos de situações que fazem parte de um contexto que influenciará negativamente no desfecho clínico de recuperação de até uma simples unha encravada e, sob essa ótica, é fundamental relembrar que é impossível separar os aspectos físicos, emocionais e sociais.
Todas as respostas de dor geradas pelo nosso orgão cérebro serão mediadas e influenciadas por todo esse complexo descrito acima, que naturalmente refletem a magnitude, complexidade e integralidade do ser humano.
A busca por bons hábitos de vida como por exemplo, melhora da capacidade física, melhora da qualidade de sono e controle dos aspectos emocionais são base fundamentais para o ganho de qualidade de vida e gestão de quadros persistentes de dor e em geral deveriam ser o ponto de partida para inúmeras condições de saúde.
Dessa maneira, é importante que ao identificar que tais fatores contextuais estão influenciando no desfecho clínico de um paciente, o profissional volte seu olhar e direcione sua capacidade técnica para uma abordagem individualizada que atenda às expectativas e necessidades individuais de cada um que busca alívio em nossas condutas.
Dr. Luiz Fernando de Mello Santos, Fisioterapeuta, CREFITO-2/99003-F, formado em 2007 pela Universidade Paulista – SJC; Pós-graduado em Acupuntura e Eletroacupuntura – ABACO/SP; Pós-graduado em Dor – Hospital Israelita Albert Einstein/ SP; Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica – UNIVAP/SJC; Pós-Graduando em Fisioterapia em Esporte e Atividade Física – FeO/SJC; Atendo em Paraty/RJ na Av. Roberto Silveira, 568.
Tel (24) 99997-1516. @fisioluizparaty.